por Décio Bazin
BAZIN, Décio. Faça fortuna com ações, antes que seja tarde: profissional do mercado mostra o caminho. 8. ed. São Paulo: Editora CLA, 2017. 302 p.
O livro é dividido em dois, o Livro I e Livro II, o primeiro é dividido em cinco partes, enquanto o segundo em quatro partes, essas compostas por capítulos.
A primeira parte da obra se inicia com o capítulo Certa manhã, no outono de 1992, que narra a manhã de trabalho do operador Marcão na Bolsa de Valores, na década de 90. O expediente do personagem inicia às 9h29, e durante a manhã observa-se que os boatos são capazes de derrubar e puxar as ações.
O Capítulo I - Operador sem malícias narra a história de Décio Bazin que iniciou sua carreira como jornalista quando ainda era operador na Bolsa. O autor descreve que o trabalho como repórter no jornal O Estado de São Paulo servia como “bico” para complementar a renda. Neste capítulo, destacam-se dois pontos: na época, os operadores raramente compravam ações numa carteira de longo prazo. Além disso, só havia negócios à vista na Bolsa e em quantidades pequenas. De forma que, ganhava-se mais dinheiro negociando com câmbio ou vendendo títulos de renda fixa emitidos pelo governo e por empresas particulares. Não era possível venda de ações para qualquer pessoa física, como observa-se atualmente. Neste capítulo, o autor relata que muitos operadores da Bolsa trabalhavam sem a necessária malícia, caindo nas especulações momentâneas e gerando prejuízos aos seus clientes.
O Capítulo II - Crises e crashes descreve a implantação do mercado a termo, que teve início na Bolsa do Rio antes de se expandir. Nesta modalidade de investimento, o especulador comprava uma ação a termo para vencimento futuro em 30, 60, 90, 120, 150 ou 180 dias. Depositava 10% do valor total da operação, incluindo os juros, e com a aceleração dos negócios, tal margem foi gradativamente aumentada até chegar a 33%. De forma que, se o papel subisse 10% no mercado à vista, o especulador ganharia 100% sobre o valor da margem de garantia. Assim, ele liquidava a sua posição e vendia o papel à vista, apoderando-se da diferença, que logo aplicava em outra operação a termo, em valor alavancado, sucessivamente. O autor relata que essa excentricidade inédita, atraiu pessoas de todos os estados, provocando o que ele chamou de “corrente da felicidade”. Pois, era possível ganhar muito com pouco capital. Contudo, os mais experientes afirmaram que tal corrente teria um desfecho desastroso. O crash em 1971 representou o fim da vida de operador da Bolsa de Valores para o autor.
A segunda parte do Livro I traz os conceitos de ação e o preço das ações. O autor no primeiro capítulo, A empresa e a ação, apresenta a anotação em um dos cadernos de 1950 do curso de Contabilidade:
[...] Como se forma uma sociedade por ações? Algumas pessoas decidem organizar uma companhia para explorar comercial ou industrialmente uma ideia ou um ramo de atividade, com o objetivo de lucro. Cada qual decide que quantia vai arriscar no negócio. O capital necessário para dar início às operações sociais é dividido em ações com valor nominal arbitrado de comum acordo. A quantidade que cada sócio subscrever determinará seu percentual de participação e o nível da sua ingerência nos negócios. A sociedade se chama, portanto, por ações. Ação é a parcela mínima do capital [...]. (BAZIN, 2017, p. 46)
Qualquer pessoa, com pouco ou muito capital, poderá se tornar acionista de uma empresa se tiver o suficiente para comprar uma única ação que seja. Se a empresa teve lucros, os acionistas receberam parte desses lucros, os chamados dividendos.
Os dois capítulos seguintes, Quanto vale a empresa e Quanto vale a ação, abordam sobre a precificação das ações e o valor da empresa. Como paralelo. o autor relata que, para a definição do preço de uma mercadoria, são levados em consideração custos com produção, transporte, lucros do produtor e do revendedor. No caso das ações, elas se dividem entre as que que têm utilidade prática, por produzirem dinheiro e as que são guardadas como reserva de valor, para uma posterior venda mais cara. No primeiro caso, o valor é objetivo. No segundo, é subjetivo, sem uma quantificação matemática possível. Outras variáveis são levadas em consideração na definição do valor de suas ações como a qualidade da companhia, da administração, dos bens patrimoniais, bem como a capacidade de gerar lucros, a aceitação de produtos, a posição no mercado e a imagem perante ao público, bancos e fornecedores.
Depois de entender o preço da ação, o capítulo seguinte fala sobre o preço justo. O autor afirma que:
A remuneração das ações chama-se DIVIDENDOS, que não poderão ser menores do que 6% ao ano para serem remunerativos. Se aplicarmos o valor 100 num título de renda fixa, receberemos 6 de juro. O capital é igual a 16,67 vezes o seu rendimento: 100 ÷ 6 = 16,67 Por essa lógica, o preço da ação deverá ser no máximo 16,67 vezes maior do que os dividendos, que constituem a sua remuneração. (BAZIN, 2017, p. 63).
A conta demonstrada pelo autor só faz sentido quando se compra ações pensando em seus dividendos. Porém, o autor informa que há outras razões pelas quais se investe em ações: “I) Especular, negociando para ganhar no curto prazo; II) Adquirir reserva de valor contra a desvalorização da moeda; III) Para quem já é acionista de uma empresa, melhorar sua posição e participação societária; IV) Controlar a empresa.”
A terceira parte do Livro I, trata-se do porquê investir em ações. Iniciando pelo capítulo intitulado Dividendos, a única motivação. Antes de 1976, não era possível aplicar em ações com base em seus dividendos. A Lei das S.A. obrigou empresas a pagarem dividendos mínimos de 25% do lucro líquido. Apesar da lei, a mudança foi gradual até o ano 1979. Para Bazin, os investidores genuínos são aqueles que estão de olho nos dividendos. Pois, para ele ações sem dividendos não existem. Os dividendos são o porquê de se comprar ações.
No capítulo seguinte, Capítulo II - Acionista minoritário, esse insolente, o autor relata que na década de 70, publicações especializadas dos Estados Unidos criticaram o “culto aos dividendos” como forma de depreciar os acionistas minoritários. Ridicularizar os acionistas minoritários, que reivindicam dividendos, é um fenômeno universal. Neste capítulo, o autor apresenta as memórias, da década 20, do banqueiro alemão Hans Fuerstenberg, de que um acionista minoritário é, por essência, ingênuo e atrevido: ingênuo por confiar o seu dinheiro a estranhos e atrevido por ter a insolência de pedir dividendos. Esse atrevimento vai render bons rendimentos a longo prazo!
Os capítulos III e IV, intitulados O dinheiro que circula e Os riscos do mercado acionário, respectivamente, falam sobre a circulação do dinheiro na bolsa e os riscos que envolvem o mercado de ações. Na circulação do dinheiro na bolsa, há os diferentes tipos de dinheiros. Pois, há diferentes tipos de personagens, no Livro II, a Parte II, intitulada Os cinco personagens, o autor aborda sobre esses personagens do Mercado. Então, temos os personagens: i) Institucional, que em condições normais, tanto nas altas como as baixas colocam dinheiro novo no Mercado, para continuamente adequar suas carteiras, como num moto contínuo. ii) Os Individuais cujo dinheiro muitas empresas levam para a Bolsa a fim de comprar ações de outras companhias. iii) Outro dinheiro metálico, sólido e sonante, é o dos Especuladores internacionais, que, todavia, causa mais mal do que bem. É dinheiro que entra e sai. Uma parte do dinheiro, que i) Manipuladores e v) Especuladores locais ganham nas Bolsas, fica girando no próprio Mercado. Outra parte sai e vai para o consumo, contribuindo assim para movimentar a economia. Outra parte que sai destina-se às diversas modalidades do mercado financeiro.
Ainda no Livro I, a Parte IV - Fórmulas para investir, o autor narra a criação do seu escritório para estudar com tranquilidade a Bolsa e as suas evoluções, em parceria com outros três colegas. Aborda sobre as Opções e Day-trades que, na época, eram novidades no Mercado Acionário. Discute também sobre a escolha de ações pelo cash-yield, para o autor é necessário observar uma série de procedimentos ao escolher as ações remunerativas:
- Primeira fase – pré-qualificação: Separando as ações mais negociadas, observando o preço médio do papel, o último dividendo e a data de pagamento do último dividendo.
- Segunda fase – qualificação: Levanta-se informações sobre as empresas, conversando com o maior número possível de pessoas do mercado acionário.
- Terceira fase – acompanhamento: Cria-se uma espécie de arquivo sobre a empresa, onde se guarda as fichas e todo o noticiário que era publicado sobre a empresa.
Na última parte no Livro I, o autor advoga que “atuar no Mercado exige prática e experiência, [...] a Bolsa não deve ser encarada como hobby, ou como jogo eletrônico [...], é um local onde se aplicam economias, dinheiro poupado com sacrifício do consumo de coisas muitas vezes necessárias, depois de ter sido ganho com extrema dificuldade.” (BAZIN, 2017, p. 127). Outro alerta feito pelo o autor é que booms e crashes se revezam continuamente, então deve-se ficar atento para evitar armadilhas.
Na primeira parte do Livro I, aborda-se o tema Mercado. O autor distingue o conceito de Bolsa e Mercado. “A Bolsa é a parte administrativa dos negócios feitos no Mercado. Mercado é o salão em que operadores, de viva voz e aos gritos, compram e vendem ações em nome de clientes. Atualmente, com o sistema de computação [...], os negócios são fechados por terminais.” (BAZIN, 2017, p. 140). Além disso, o autor alerta sobre o uso dos gráficos para previsão de preços de ações. Na visão do autor, o uso dessa análise é um risco e as pessoas não devem seguir cegamente.
Na Parte III - Os que atrapalham o mercado, o autor apresenta algumas entidades que atrapalham as atividades do Mercado que a Imprensa, pelo Governo, pela CVM, e, paradoxalmente, pela própria Bolsa, cada um com um grau de culpa. A Imprensa nos booms, cria heróis e mitos; nos crashes, arruína reputações e atira lama nos nomes de pessoas. Só dá espaço ao mercado acionário quando nele ocorrem fatos escandalosos. O Governo, em vez de deixar que os negócios corram normalmente, segura as rédeas e regula tudo. O autor afirma que o Governo burocratiza todo o processo e que: “Em nenhuma parte do mundo essa nobre instituição que é o mercado acionário é tão manietada e tão vilipendiada pelo governo como aqui”. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), como afirma Bazin, sempre foi omissa em relação às Bolsas. Para o autor, “esse monstrengo burocrático foi criado na época do regime militar para teoricamente impedir práticas escusas e abusivas no Mercado”. E por último, a Bolsa é uma entidade tão fechada quanto os órgãos públicos mais burocráticos. Ela congrega os interesses de corretoras — que mantêm o Mercado e Bolsa — e defende interesses corporativistas. Por isso, apenas intervém quando as operações se tornam extravagantemente escandalosas, ameaçando a estabilidade dos negócios.
Resumo elaborado por Ingrid Schiessl, mestre em Ciência da Informação.
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