Resumos de Livros

Os Axiomas de Zurique

por Max Gunther

GUNTHER, Max. Os axiomas de Zurique. 17. ed. São Paulo: Best Business, 2017. E-book.

AXIOMA DE ZURIQUE

No início do livro, o autor relata que sua terra ancestral, a Suíça, é um lugarejo pedrento, com uma área menor que a do estado do Rio de Janeiro. Não tem um centímetro de litoral. É uma das terras mais pobres em minerais que se conhece. Não tem uma gota de petróleo e mal consegue um saco de carvão. Quanto à agricultura, o clima e a topografia são inóspitos a quase tudo. Há trezentos anos a Suíça fica fora das guerras européias. Apesar desse cenário, os suíços estão entre as pessoas mais ricas do mundo. Como conseguem isso? é a pergunta que o autor faz ao leitor. Como resposta, o autor explica que os suíços são os investidores, os especuladores e os jogadores mais espertos do mundo. 

Ainda na introdução do livro, o autor relata que o assunto do livro é: apostar para ganhar. Afirma que todo mundo quer ganhar; mas nem todo mundo quer apostar. O autor alega que a obra Os Axiomas de Zurique trata de riscos e de como administrá-los. Por isso, ao estudar os Axiomas com a atenção que merecem, eles são capazes de possibilitar que se ganhe mais apostas do que se acreditava possível. O autor explica que a expressão “Axiomas de Zurique” foi cunhada num clube de suíços que operam em mercadorias e ações, e que se estabeleceu à volta de Wall Street, depois da Segunda Guerra Mundial. Desde então, essa lista de regras evoluiu e as regras se modificam no tempo, contudo, hoje tanto quanto se sabe estão na sua forma final: 12 Grandes Axiomas e 16 Axiomas Menores.

O PRIMEIRO GRANDE AXIOMA: o risco – A preocupação não é uma doença, mas um sinal de saúde. Se você não está preocupado, você não está arriscando o suficiente. 

O autor inicia a explicação desse axioma, contando a história de duas jovens formadas pela mesma universidade, que resolveram buscar juntas as suas fortunas. Ambas haviam iniciado promissoras carreiras e seus salários começavam a ser mais do que precisavam para cobrir as necessidades básicas de suas vidas. Então, elas decidiram investir. A Sylvia, queria o seu dinheiro numa conta remunerada ou noutra espécie de poupança que praticamente lhe garantisse retorno e preservação do capital. Enquanto, a Mary aceitava certos riscos, esperando fazer crescer o seu capitalzinho de forma mais significativa. 

Com o passar dos anos, as jovens se casaram e se divorciaram, e ambas continuaram a administrar suas finanças. Sylvia tinha posto todas as suas economias em poupança, CDBs, títulos municipais isentos de impostos e outros abrigos “seguros”. Contudo, a inflação de dois dígitos na década de 70, igualmente inesperada, desgastou desastrosamente o poder de compra do dinheiro de Sylvia. Sylvia não ficou rica e passou o resto da vida num conjugado, que nunca será aquecido o bastante no inverno. 

Já Mary, de acordo com o autor, “como qualquer um que não seja maluco, ela sempre se preocupou com a segurança do seu capital, mas jamais permitiu que essa preocupação se impusesse a tudo o mais na sua filosofia financeira”. Na década de 60, ganhou dinheiro na Bolsa. Porém, ao longo dos anos, os assuntos financeiros foram motivos de preocupações para Mary, pois, seus cálculos nem sempre foram corretos. Mas ela conseguiu acumular fortuna a partir dos riscos que aceitou.  

Gunther afirma que a maioria dos homens depende de salários, e de alguma economia a que possam recorrer em caso de emergência. Outra afirmação é que a única maneira de sair da pobreza é submeter-se a riscos, a menos que se tenham pais ricos. Para o autor, há mais espaço para subir do que para descer na vida e se preocupar, é a reação natural do homem para enfrentar risco, por isso se preocupe mas não deixe o medo de dominar. 

1º axioma menor – Só aposte o que valer a pena. 

O autor inicia apresentando um antigo clichê que diz “só se deve apostar o que se possa perder”. Tal pensamento, segundo o autor, é reproduzido em “Las Vegas, em Wall Street e onde quer que se arrisque dinheiro em busca demais dinheiro”.  Para Gunther tal frase é “tão repetida, em tantos lugares, que acabou adquirindo uma aura de verdade, exatamente como os clichês psicanalíticos sobre manter a calma”. 

Gunther afirma que esse pensamento é uma fórmula que garante maus resultados, pois, ao acreditar que “uma soma que, se eu perder, não representará diferença significativa no meu bem-estar financeiro”. Faz com que a maioria da classe média invista 1 ou 2 dólares, ou 20 dólares, ou algumas centenas. Para o autor, “se a quantia for tão pequena que a sua perda não represente diferença significativa, o mais provável é que tampouco trará ganhos significativos”. 

Diante dessa reflexão, o autor afirma que “no curso normal de uma jogada especulativa, você tem que começar disposto a se machucar, nem que seja um pouquinho. […] Talvez prefira começar modestamente e, à medida que for ganhando experiência e confiança na solidez da sua psique, ir aumentando a dosagem de preocupação”. 

Por fim, para o autor, ao apostar valores pequenos diminui-se a probabilidade de ficar rico. Entretanto, não se deve apostar tudo a ponto de ficar falido, mas sim a níveis que valham a pena.

2º axioma menor – Resista à tentação das diversificações. 

Primeiramente, o autor convida para entender como a diversificação pode afetar os esforços para ficar rico. Para isso, Gunther apresenta, no sentido usado pela comunidade de investimentos, o conceito  de diversificação, que significa espalhar o dinheiro. “Colocá-lo numa porção de pequenas especulações, em vez de em umas poucas e grandes”.

Gunther afirma que “Segurança: esta é a idéia por trás da atitude.[…]se tudo desabar, ao menos os seus títulos municipais talvez se valorizem. […] Na ladainha dos aconselhamentos convencionais de investimentos, “uma carreira diversificada” está entre os objetivos mais procurados e reverenciados.” 

Contudo, o Gunther explica que “a diversificação, ao reduzir os riscos, reduz também, na mesma medida, qualquer esperança que você possa ter de ficar rico”. Ao diversificar, “você está protegido de praticamente todos os perigos – inclusive do perigo de enriquecer”, porque para o autor, é muito provável que ganhos e perdas acabem se cancelando.

Para exemplificar os riscos da diversificação, Gunther faz a analogia a um artista de circo que tenta manter no ar uma porção de bolas ao mesmo tempo. Quanto mais bolas no ar, mais difícil é o malabares.  Desta maneira, quando se possui “umas poucas especulações em andamento e uma ou duas se deram mal, dá para adotar uma posição defensiva”. É mais fácil gerenciar três bolas no ar do que uma dúzia.

Para justificar sua posição, Gunther apresenta três grandes defeitos da diversificação:

1. Obriga-o a violar o preceito do 1º Axioma Menor, de que se devem sempre fazer apostas que valham a pena. Se o seu capital inicial todo já não é grande coisa, diversificá-lo só piora. Quanto mais se diversifica, menores se tornam as especulações. Levada a situação a extremos, você pode acabar com quantias que realmente não valem nada. Como observamos no 1º Axioma Menor, um grande ganho sobre um capital pequeno deixa-nos praticamente onde começamos: pobres. Digamos que Oba-Oba Computadores foi brilhante, e o preço da ação dobrou. Quanto você ganhou? Quinhentas pratas. Não é por aí que você vai atingir as alíquotas mais altas do imposto de renda. 2. Ao diversificar, você cria uma situação em que, provavelmente, ganhos e perdas acabam se cancelando e o deixando exatamente onde começou – no ponto zero. […] 3. Ao diversificar, você vira um artista de circo que tenta manter no ar uma porção de bolas ao mesmo tempo. Bolas demais

Por fim, o autor apresenta outra analogia, desta vez utilizada em Wall Street: “Ponha todos os seus ovos no mesmo cesto, e tome conta do cesto. Pois, se a raposa aparecer querendo roubar os ovos, você poderá cuidar dela sem ter de ficar correndo em círculos”.

O SEGUNDO GRANDE AXIOMA: a ganância – Realize o lucro sempre cedo demais. Para o autor, dominar a ganância o torna um bom investidor. 

Este axioma trata sobre a ganância. O autor inicia a reflexão afirmando que “seja o jogo feito no mercado financeiro, numa mesa de pôquer ou em qualquer outro lugar, o que os amadores fazem é isto: demoram-se demais nas paradas – e perdem”. 

Outra afirmação é que ao praticar este único ato de autocontrole, o tornará um especulador melhor. Pois, para o autor “o belo e o estranho paradoxo que existe no coração do 2º Grande Axioma: reduzindo a ganância, você aumenta as suas chances de ficar rico”. 

De forma a explicar essa essência do segundo axioma, o autor alega que “a ganância é a prima doente, inchada e autodestruidora do comprismo”. O conceito de “comprismo” é empregado, conforme relata Gunther, como o “desejo natural de maior bem-estar material, sem conotações pejorativas”. Além disso, os “Axiomas de Zurique foram criados por pessoas dotadas de uma sadia dose desse comprismo, e é improvável que você estivesse aqui estudando os Axiomas se não tivesse essa característica”. Para o autor, “sadia dose” significa agir de forma controlada e lógica. Uma vez que “o comprismo descontrolado, […] a ponto de invalidar suas finalidades legítimas, é ganância”. 

Para exemplificar, Gunther apresenta o caso de Sherlock Feldman, ex-gerente do Dunes, um dos maiores cassinos de Las Vegas. O tal gerente observava os fregueses no salão e comumente dizia “ Se eles quisessem menos, iriam para casa com mais”. De acordo com Gunther, Feldman criou o seu próprio axioma sobre ganância, durante seu tempo de trabalho e adquiriu  uma compreensão perfeita do problema. 

No contexto da especulação, o autor ressalta que “não se pode saber de antemão quanto vai durar um período de ganhos”. Algumas vezes, “o período de ganhos prosseguirá sem a sua participação, e você vai ficar murcho, contabilizando o que deixou de lucrar”. Gunther sustenta que “para compensar uma ou duas decisões erradas de sair antes do tempo, haverá dúzias de ocasiões em que a decisão terá sido acertada”. 

Saber a hora de sair do “jogo” é crucial para realizar o lucro, pois é melhor sair cedo demais, do que tarde demais e perdendo dinheiro. 

3º Axioma Menor – Entre no negócio sabendo quanto quer ganhar. Quando chegar lá, caia fora. 

Na frase de abertura, o autor informa que o “3º Axioma Menor visa a ajudá-lo a resolver o sempre difícil e às vezes paralisante problema de saber quanto é o bastante”. Levando em consideração o Segundo Axioma Maior, compreende-se que a ganância é a principal razão da dificuldade desta decisão. 

De acordo com Gunther, importa ressaltar que, “se uma especulação dá certo e a fortuna do especulador cresce, a posição recém-atingida vira posição inicial”. Tal fato torna difícil a percepção de uma linha final, isto é, o saber o momento de sair. Para exemplificar, o autor apresenta a seguinte simulação:

Digamos que você começa com 1.000 dólares. Aplica-os dando certa garantia, numa especulação com prata. O palpite funciona e, um ano depois, você está com 2.000 dólares. Dobrou o seu dinheiro. Beleza. Se conseguisse isso todo ano, breve estaria milionário. O problema, porém, é que não parece ser a beleza que é. Pelo contrário: de repente você já está achando que esse dinheiro é seu por um mérito qualquer. A tendência é que passe a encará-lo assim, principalmente se o ganhou devagarinho, ao longo de um ano, e não uma bolada, de uma só vez. Em lugar de dar pulos e dizer, “epa, dobrei a minha grana!” ou “olha só, estou com uma milha que não tinha antes!”, a sensação é de que sempre teve aquele total. Os 2.000 não parecem ser a sua posição ao final. A sensação é que se trata de uma nova posição inicial. Graças a isto, não vai ser fácil cair fora de tal operação

A clareza quanto às posições inicial e final estão presentes em inúmeras as atividades humanas. Porém, conforme afirma Gunther “no mundo do jogo e das especulações, são poucos os pontos finais […] nítidos”. Algumas vezes, uma operação de Bolsa pode encerrar-se quando uma empresa é absorvida por outra e deixa de existir. 

A pergunta central deste 3º Axioma Menor é como distinguir um final, num mundo onde não há uma linha de chegada clara, principalmente quando cada posição atingida parece um novo ponto de partida? A resposta é “Antes de começar a corrida, estabeleça onde é a linha de chegada”. 

Como exercício, o autor sugere dizer a si mesmo: “Vou entrar nisto com o objetivo de…”. Porém, Gunther destaca que “se e quando atingir o objetivo, a menos que haja razões indiscutíveis, óbvias, para transformar a linha de chegada em novo ponto de partida, faça um carinho na sua sorte e caia fora”. Para o autor, as “razões indiscutíveis, óbvias” são “mudança drástica, imprevisível, nos fatos e circunstâncias envolvendo a sua operação. Uma simples mudancinha não é suficiente: tem de ser um cataclisma”. Como sempre, o autor dá exemplos para ilustrar as situações por ele comentadas. No caso, o exemplo é:

Vamos supor, por exemplo, que você especula em mercadorias, está comprando concentrado de laranja a futuro, e atingiu a sua linha de chegada. Cumprindo o que prometeu a si mesmo, está prestes a vender e pôr o lucro no bolso. Ouve, então, que uma geada fora de hora acabou com grande parte da safra de cítricos da Flórida. Em casos assim, pode ser uma boa idéia ficar na corrida ao menos um pouco mais, e ver o que acontece. 

Como sugestão, Gunther explica que “uma boa maneira de reforçar essa sensação de “final” é estabelecer alguma forma de premiação para si próprio”. Esse estratagema psicológico é empregado por muitos especuladores. O próprio autor afirma que ao atingir alguma de suas  posições, sai pela cidade de Nova York, para um fim de semana de luxo.

Esse axioma menor complementa o axioma maior, pois a partir do momento que se sabe o quanto quer ganhar, o risco de se render à ganância é menor. Por isso, estipular margens de ganhos é importante para o investidor.

O TERCEIRO GRANDE AXIOMA: da esperança – Quando o barco começar a afundar, não reze. Abandone-o. 

Gunther inicia esse axioma relatando que o “2º Grande Axioma falou sobre o que fazer quando as coisas vão bem. O 3º Grande Axioma é sobre como escapar quando vão mal”. Para o autor, mais ou menos a metade das operações especulativas não irão se realizar antes de alcançar a linha de chegada. Isso, é devido ao fato que “a metade das suas opiniões sobre as forças econômicas serão equivocadas”. 

Diante disso, o autor afirma que “saber sair de uma situação complicada talvez seja o mais raro dos dotes especulativos”. Para exemplificar, Gunther apresenta a história de Susan Garner, que pagou 2.000 dólares por uma participação num projeto imobiliário. Especulava-se que próximo ao local do edifício comercial, seria construída uma importante rodovia federal, assim, transformaria a cidade em um pólo comercial. Mas, um pouco depois, descobriu-se que não se sabia quando e nem se a estrada seria mesmo construída. Logo, a promessa de retorno do investimento já não era mais promissora. Contudo, foi oferecido a Susan Garner 1.500 dólares pela sua parte, mas  perder 500 dólares era inconcebível e então a proposta foi recusada. Com o passar do tempo, o projeto imobiliário valia 800 dólares e Susan foi ficando cada vez mais presa naquele mau negócio. Por causa disso perdeu oportunidades de outros negócios, uma vez que, o grosso do seu capital estava alocado no investimento imobiliário. Mas por fim, vendeu sua parte por 750 dólares, pois era ilógico deixar seu dinheiro congelado daquele jeito. Para Gunther a moral da história é “Quando o barco começa a afundar, abandone-o”.

A lição do 3º Grande Axioma é ter atenção, manter a calma e estudar a situação. Desta forma, é possível procurar indícios confiáveis e tangíveis de que as coisas estão melhorando ou não; caso negativo, agir imediatamente.

Nos casos de mercados com pregão diário, ações, mercadorias a futuro etc., este conselho pode ser traduzido em números, como afirma o autor. Para tanto, há a regra Gerald Loeb,  “vender quando o preço de uma ação cair entre 10% e 15% em relação ao preço mais alto alcançado enquanto em seu poder. Não importa se, a essa altura, você estiver perdendo ou ganhando”. De acordo com Gunther, ao aceitar pequenas perdas, não há grandes perdas. 

Gunther alega que “saber agir, porém, é só a metade da batalha”. Pois, há três obstáculos que surgem ao tentar cumprir o 3º Grande Axioma. O primeiro obstáculo é o medo de arrepender-se – basicamente o mesmo medo de que tratado no 2º Grande Axioma. O segundo obstáculo é a necessidade de  abrir mão de parte de um investimento. O terceiro obstáculo é a dificuldade de admitir que você errou. 

Investir não é um jogo, por isso não se deve torcer, toda especulação deve se basear somente na razão. 

4º Axioma menor – Aceite as pequenas perdas com um sorriso, como fatos da vida. Conte incorrer em várias, enquanto espera um grande ganho. 

As pequenas perdas as protegem das grandes. O hábito de cortar prejuízos antecipadamente e cautelosamente, evita machucar-se gravemente. Pois, conforme ressalta Gunther, “a única maneira de ser apanhado num desastre no mercado é de surpresa, vendo-se, de repente, na situação de não conseguir vender quando precisa”. 

Aguardar que operações que só deram prejuízos melhorem, não é a atitude mais produtiva, mas é a que levará à pobreza. Para o autor, “a atitude mais produtiva – e que, sabidamente, não é fácil de adotar – é aceitar as pequenas perdas assim como se aceita qualquer outra circunstância menos agradável da vida financeira”. 

O QUARTO GRANDE AXIOMA: das previsões – O comportamento do ser humano não é previsível. Desconfio de quem afirmar que conhece uma nesga que seja do futuro. 

Neste capítulo, o autor inicia apresentando um fenômeno ocorrido em 1969, quando o Índice de Preços ao Consumidor subiu cerca de 5%. Neste momento, os economistas afirmaram que no começo dos anos 70 a inflação subiria um pouquinho, mas cederia no final da década. Porém, em 1979, o índice deu um salto arrasador de 11,5%, diante desse cenário os economistas previam que a taxa ficaria nos dois dígitos até meados da década de 80. Mas, em 1982, estava de volta nos pacíficos níveis de 1969. Isto posto, o autor indaga: “para que ficar dando ouvidos a esses profetas da economia, que sabem tanto do futuro quanto você e eu?”. 

Conhecer o futuro é um dos mais desesperadamente ambicionados objetos do homem, como afirma Gunther. Se fosse possível ler hoje as cotações da Bolsa de amanhã, o tornaria rico. É por isto que, quando alguém se levanta e anuncia uma visão do futuro, consegue atenção e respeito dos demais.

Nesse sentido, o autor apresenta diferentes histórias sobre previsões de altas e baixas, fórmulas e teorias para acertar cotações, que sempre erravam mais do que acertavam.  Por isso, é comum ver economistas ‘revisar’ previsões a cada trimestre. Os profetas e/ou oráculos surgem de tempos e tempos, mas nenhum acertou todas as vezes.  Muitas vezes essas pessoas conseguem uma legião de seguidores – em certos casos, uma legião tão grande, que as profecias, por isto mesmo, acabam se confirmando. 

Para exemplificar, o autor relata a história Joseph Granville, conhecido como o oráculo do mercado de capitais. Na década de 80, possuía tantos seguidores, que, ao dizer que uma coisa aconteceria, ela acabava acontecendo porque as pessoas acreditavam que aconteceria. Ou seja, quando ele dizia que o mercado cairia, isto assustava os compradores, que desapareciam fazendo com que o mercado despencasse.

A armadilha em que os profetas do mundo do dinheiro costumam cair é esquecer que estão tratando do comportamento humano. O mercado desaba porque as pessoas estão preocupadas, desanimadas ou temerosas. Essa regra se aplica aos outros índices e números com que os economistas gostam de brincar: PNB, o nível da construção civil e as taxas de inflação. Tudo resulta de interação humana. 

Ninguém sabe o que acontecerá no futuro. Todas as previsões têm as suas possibilidades, mas a chance dela estar errada é maior. 

O QUINTO GRANDE AXIOMA: dos padrões – Até começar a parecer ordem, o caos não é perigoso.  

No início do capítulo, Guther apresenta “Irving Fisher, famoso professor de economia de Yale, fez uma fortuna na Bolsa. Impressionados com a combinação de credenciais acadêmicas impecáveis e conhecimentos práticos de investimentos, muita gente correu a pedir seus conselhos”. Porém, a história de Irving terminou de forma triste, como relata o autor, em 1929, ele afirmou que os preços das ações de certo papel teriam atingido um patamar permanentemente alto, mas pouco depois ocorreu o maior débâcle jamais vista em Wall Street.

A lição a ser aprendida deste axioma, de acordo com o autor, é “no momento em que você começa a acreditar ter enxergado um padrão de ordem nos assuntos que envolvem seres humanos, inclusive nos assuntos financeiros, está correndo risco”. O ocorrido com Fisher – a ilusão da ordem – também acontece com outros investidores, especuladores e jogadores recorrentemente. Isso se justifica, pois “o dinheiro parece frio, racional, submisso à análise racional e a manipulações”. Desta forma, para enriquecer basta encontrar a fórmula perfeita. Infelizmente, ela não existe. 

Como afirma Gunther, “o mundo do dinheiro é um mundo desordenado, sem nenhum padrão de comportamento, um absoluto caos”. Todavia, existem e existirão teóricos e estudiosos que irão tentar criar padrões, fórmulas e outras formas de adivinhar o comportamento do mercado. O autor cita os administradores de fundos como perseguidores teimosos da tal fórmula mágica. Inclusive, destaca-se que quem adquire cotas de um fundo corre os mesmos riscos de quem compra ações isoladamente. Alerta ainda para qualquer especialista em aconselhamento que, ao observar o panorama financeiro, afirma enxergar outra coisa que não o caos. Porque, “quanto mais ordenado o panorama parecer ao conselheiro ou conselheira, menos esse senhor ou senhora merece a sua confiança”. 

De forma objetiva o autor ressalta que “a fórmula que deu certo ano passado não é obrigada a dar certo este ano”, ou que “a fórmula que funcionou para o seu vizinho funcionará, necessariamente, para você”. Pois, a verdade “é a seguinte: o preço de uma ação, ou de qualquer coisa que se compre visando lucro, subirá se tivermos sorte”.

“O fato é que não se pode confiar em nenhuma fórmula que ignore o papel dominante da sorte. Esta é a importante verdade do 5º Grande Axioma. E a verdade nos liberta” (GUNTHER, 2017, on-line).

5º axioma menor – Cuidado com a armadilha do Historiador. 

O autor afirma que “a Armadilha do Historiador é um tipo especial de ilusão de ordem”. Acreditar que os eventos se repetem de formas iguais é uma armadilha. É comum encontrar especuladores que recolhem fatos sobre papéis ao longo do tempo, criando falsos pressupostos e inter-relações históricas. O autor afirma que realizar esse tipo de levantamento é útil em qualquer situação de investimento, é importante conhecer sobre o papel que será adquirido. Mas, não acredite que os fatos se repetirão, pois ele afirma que “a  história não se repete do mesmo jeito, às vezes nem se repete”.

6º Axioma menor – Cuidado com a Ilusão do Grafista

O autor afirma que “representar números por meio de linhas em papel milimetrado pode ser útil ou perigoso”.  Ele explica que é útil para visualizar algo com maior clareza do que lhe seria possível apenas com números. Porém, se torna perigoso quando “torna a coisa representada mais sólida e portentosa do que na realidade é”.  Como afirma, “a Ilusão do Grafista, freqüentemente, é uma extensão gráfica da Armadilha do Historiador”. 

Para o autor, os chamados grafistas sabem que o mercado pode ser previsto pelos gráficos, desde que percebam-se os padrões corretos. Porém, como afirmado no QUINTO GRANDE AXIOMA, o mercado de ações não obedece a padrão nenhum. 

Outro elemento da Ilusão do Grafista é criar falsas tendências, tornando números desinteressantes e essencialmente desordenados em gráficos que só mostram as glórias dos investimentos. Como uma extensão do axioma menor anterior, o autor afirma que os gráficos são tentativas de prever padrões.

7º Axioma menor – Cuidado com a Ilusão da Correlação e a Ilusão de Causalidade. 

A mente humana sempre tenta procurar relações de causa e efeito. Tanto é que, quando necessário, é inventada. De acordo com o autor, isso se deve à necessidade humana de buscar padrões em tudo, “quando ocorrem dois ou mais eventos perto uns dos outros, vamos logo descobrindo elos causais entre eles”. 

Como exemplo, o autor cita sua experiência na compra de papéis da IBM e Honeywell. 

Ao longo de um período de uns 18 meses, percebi que, freqüentemente, as cotações dos dois papéis andavam em sentidos opostos. Quando a Honeywell passava algumas semanas subindo,a IBM caía, e vice-versa. […]Funcionou razoavelmente algumas vezes. Eu deveria ter-me dado conta de que estava funcionando apenas por questão de sorte, mas nesse tempo eu ainda não sabia das coisas. […] O fato de, no passado, os preços terem andado algumas vezes em sentidos opostos não indicava, nem podia ser tomado como indício de que se repetiria no futuro.[…] Comprei um pacote de Honeywell a um preço que me pareceu o fundo do poço. Honeywell como IBM entraram em parafuso, como um par de patos baleados. Antes de me dar conta do que estava acontecendo e de abandonar minhas ilusões de ordem, eu já tinha perdido cerca de 25% do meu investimento (GUNTHER, 2017, on-line).

Conforme afirma o autor, “considere todas as relações causais com o maior dos ceticismos”.  Neste sentido, o ser humano, em busca de refúgio, pode se perder em um mundo de fantasia. 

O 8º Axioma menor – Cuidado com a falácia do Jogador. 

Segundo o autor “a Falácia do Jogador é uma espécie peculiar de ilusão de ordem”. Ele relata que quando a pessoa afirma que “é o um dia de sorte, na realidade a pessoa está querendo dizer que se encontra, temporariamente, num estado no qual acontecimentos casuais serão influenciados a seu favor”. A Falácia do Jogador é uma espécie peculiar de ilusão de ordem. 

É surpreendente a quantidade de gente que se deixa levar pela Falácia do Jogador. Pois, segundo o autor, “a ilusão é reforçada pelas histórias que jogadores gostam de contar: fantásticas histórias de momentos”. A Falácia do Jogador encoraja ao fracasso, na medida em que estimula a sensação de temporária invencibilidade.

O SEXTO GRANDE AXIOMA: da mobilidade – Evite lançar raízes. Tolhem seus movimentos. 

Para o autor, “procurar aquela sensação de estar cercado pelo antigo, pelo conhecido e confortável, menor será o seu sucesso como especulador.”. O conceito de mobilidade apresentado pelo autor não é o aplicado na geografia, mas sim ao aplicado nas modernas teorias sobre sanidade mental, no qual a mobilidade é “um estado mental, uma visão das coisas, um método de organizar a sua vida.” A mensagem do axioma se divide em duas, cada uma coberta por um axioma menor: 

9º Axioma Menor – Numa operação que não deu certo, não se deixe levar por sentimentos como lealdade ou saudade. 

Para exemplificar esse axioma, o autor apresenta o caso da Janice Shattuck, uma corretora de Nova Jersey que conta uma triste história de oportunidades perdidas por causa de suas raízes. Com cinquenta e poucos anos, o casal morava na mesma casa havia duas décadas. Com os filhos criados e já cuidando de seus negócios, com despesas reduzidas, o casal conseguiu colocar esse capital a bom uso em algumas especulações. Uma amiga do casal, Janice Shattuck, disse a eles que talvez fosse uma boa ideia vender a casa.

Shattuck chegou a dizer aos seus amigos que talvez tivesse um comprador para a casa. Fez força para que os amigos aceitassem enquanto era tempo. O casal, porém, não conseguia decidir-se a vender. Suas raízes estavam ali, explicavam e acabaram ficando. Porém, o bairro foi declinando e muitas casas foram vendidas. Então, resolveram colocar a casa à venda, mas nunca encontraram um comprador. 

O autor explica que, “há momentos em que se tem de escolher entre raízes e dinheiro”. Se o o objetivo é ganhar dinheiro, é erro se prender a coisas materiais nas quais o seu capital esteja investido. “Nunca se sabe quando é a hora de pular fora de uma posição em ações. Mas não serão raízes que haverão de impedi-lo”. Ao perceber que o investimento começou a desabar, saia.

10º Axioma menor – Jamais hesite em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente.

Em detrimento do objetivo principal, que é ganhar dinheiro, há diferentes maneiras de criar raízes em alguma forma de especulação. Para o autor, “uma das mais frequentes é embarcar numa situação na qual você não tem certeza se está ali numa especulação ou por hobby”. Outra maneira comum de criar raízes é deixar-se envolver numa situação na qual fica esperando que algo dê resultados. No mercado, trocar, em vez de ficar, só custa a corretagem. “Se o valor de capital do investimento original tiver mudado no tempo que durou a transação, ao vendê-lo você pode ficar devendo algum imposto sobre ganho de capital, ou, ao contrário, declarar uma perda de capital”. 

Se depois de análises minuciosas percebe-se que um negócio é mais atraente que outro, a decisão a ser tomada é sair do atual. 

O SÉTIMO GRANDE AXIOMA: da intuição. Só se pode confiar num palpite que possa ser explicado. 

Um palpite é parte de uma sensação. “Como especulador, é provável que você tenha palpites com frequência”. Por isso, aprenda a usá-los. De acordo com o autor, “o problema da intuição é complicado […] e  pode ser abordado de três maneiras distintas:

Desprezo – Inúmeros investidores/especuladores ignoram cuidadosamente os seus próprios palpites e ridicularizam os dos outros. Insistem em apoiar todas as suas manobras especulativas em fatos ou material que represente fatos. Com freqüência, tal material não chega a ser grande coisa – gráficos, previsões econômicas -, mas para as pessoas deste grupo parece mais confiável que palpites. Muitas vezes levarão a termo uma jogada, ainda que suas intuições estejam lhes dizendo, francamente, tratar-se da jogada errada. Pensam: ‘’O gráfico diz que é certo, e é por aí que eu vou.’’ Confiança indiscriminada – Há pessoas que se apoiam totalmente em palpites, com demasiada freqüência, e sem suficiente ceticismo. Qualquer intuição maluca vira razão para uma jogada, mesmo que uma análise racional da situação pudesse resultar em idéias completamente diferentes. ‘’Sigo os meus palpites’’, dizem essas pessoas, orgulhosas; só não dizem é que esses palpites maravilhosos costumam levá-las a calamidades especulativas. Utilização seletiva – É o método de Zurique, por trás do qual está a idéia de que a intuição pode ser útil. Seria uma pena desprezar, de maneira categórica, instrumento especulativo potencialmente tão valioso – jogar fora todos os palpites somente porque alguns são tolos. Por outro lado, é certo que alguns palpites não merecem outro destino senão a lata de lixo. O desafio, aqui, é separar os que têm valor dos que não valem nada (GUNTHER, 2017, on-line).

Primeiramente, “um palpite é um evento mental que ocorre na mais absoluta normalidade. O que torna tudo espantoso é que se trata de informações que você não sabe que possui”. Segundo o autor,  “o Dr. Eugene Gendin, um psicólogo da Universidade de Chicago que passou anos estudando o assunto, afirma que saber algo sem sabermos como o sabemos é experiência humana comum”. 

Os seres humanos absorvem uma grande quantidade de informação, a maior parte vai para algum reservatório logo abaixo ou atrás do nível consciente. “A informação existe na sua cabeça, em algum lugar, mas você não sabe exatamente o que é, nem onde está”. Os palpites são feitos dessas informações. Este axioma esclarece que deve-se considerar um palpite viável se ele tiver explicação. Por melhor que pareça o palpite, não permita que ele o arraste a excessos de confiança.

O 11º Axioma menor – Jamais confunda palpite com esperança.  

Este axioma esclarece que “quando você quer muito alguma coisa, é facílimo passar a acreditar que tal coisa acontecerá”. Por isso, muitas vezes palpites transformam-se em esperanças infundadas. O autor alerta que “quando temos um palpite de alguma coisa que queremos que ocorra, devemos manter um alto nível de ceticismo”.

O OITAVO GRANDE AXIOMA: da religião e do ocultismo. – É improvável que entre os desígnios de Deus para o Universo se inclua o de fazer você ficar rico. 

No início deste capítulo, o autor relata sobre a história de um homem que estava de mudança e queria vender seu terreno. “Como presente de despedida para a igreja, oferecia-o pelo mesmo preço que comprara. A sua paróquia jamais tivera muito dinheiro, e ali se apresentava a oportunidade de ganhar uma fortuna da noite para o dia”. Tal propriedade era valorizada, pois era considerada ótima para residências. Desta forma, a igreja poderia revender a área imediatamente, e ter um bom lucro. Porém, a história de dinheiro fácil, com lucro de 100% se transformou em uma má notícia. Tempo depois descobriu-se que para conseguir a licença para construir casas no terreno, era preciso realizar um investimento em obras de saneamento e drenagem. E a paróquia não conseguiu o tal dinheiro fácil.

Para o autor, se Deus existe ou não, não há provas que o ser supremo se importe com quem é rico ou pobre. Neste sentido, o autor destaca que por vezes, na verdade, a Bíblia diz que, do ponto de vista da manutenção de uma alma sadiamente cristã ou judaica, ser pobre é até melhor. Contudo, no que se refere aos Axiomas, não faz diferença a devoção religiosa, ser ateu, ou mais ou menos. Max Gunther afirma que:

“Apoiar-se no sobrenatural tem o mesmo efeito que apoiar-se em previsões ou ilusões de ordem. Tem a capacidade de atraí-lo para um estado perigosamente despreocupado. Sejam quais forem suas crenças, Deus e outras forças sobrenaturais não devem ter nenhum papel a desempenhar em seu comportamento como investidor.”

Outro fato apontado pelo autor é a crença no ocultismo. Para isso, Gunther relata a história de um homem que apoiava em uma espécie de ajuda extraterrena. Esse sujeito após analisar as variações nos preços das ações por algum tempo, acreditava que poderia  adivinhar para que lado os preços se voltariam de cada papel, criou-se um método especulativo perfeito. Nas palavras do autor, “essa capacidade era uma combinação de intuição e sorte, mas começaram os rumores de clarividência e força ocultas”. Porém, não é possível ter sorte sempre e o homem perdeu muito dinheiro, porque o seu método especulativo era falível. Por fim, o autor afirma que “apoiar-se nessas crenças pode não representar risco para a sua saúde; para a do seu dinheiro, com toda certeza”.

12º Axioma Menor – Se astrologia funcionasse, todos os astrólogos seriam ricos.

Primeiramente, o autor relata que a escolha pela astrologia deve-se ao fato que na América, como no resto do mundo ocidental, a astrologia é a mais popular das crenças ocultas. Como primeira reflexão, o autor apresenta a seguinte  proposta:

Se você se sente atraído pela astrologia, ou por qualquer outra doutrina mística ou sobrenatural, então mergulhe de cabeça na sua substância e espírito. Divirta-se, torne-a parte da sua vida, faça o que quiser. Porém, antes de tentar utilizá-la para ganhar dinheiro, preste a si mesmo um favor. Dê uma olhada nos praticantes dessa doutrina, especialmente nos que afirmam serem os seus mestres, sacerdotes ou gurus, e faça uma única pergunta: Eles estão ricos?

O autor relata sua experiência com o baralho de tarô e a história que ocorreu na corretora de Wall Street, Godnick & Son, grande especialista em operações a termo. Certo dia, um camarada comprou Control Data a termo, com o único dinheiro que tinha na vida. Segundo o homem as cartas tinham lhe passado uma dica quente. Por algum tempo, as ações da Control Data, tornou-se o papel mais quente e o sujeito multiplicou o seu capital em mais de uma dúzia de vezes. Contudo, o autor destaca que confiar na sorte não funcionará sempre, pois as ações derreteram rapidamente e aqueles que confiaram nas cartas se viram desesperados e mais pobres.

13º Axioma Menor – Não é necessário exorcizar uma superstição. Podemos desfrutá-la, desde que ela conheça o seu lugar. 

O autor afirma que a maioria das pessoas carrega consigo algumas superstições. Entretanto, qualquer crença religiosa, mística ou supersticiosa pode representar grave risco a quem quiser ficar rico. Mas não significa que deve-se extirpar essas crenças. Para o autor, “em vez de tentar exorcizar isto, o que tem que fazer é descobrir como e quando esse dado pode desempenhar um papel razoável na sua vida financeira”. 

Como defende o autor, existe um modo de permitir que uma superstição invada a vida financeira, e existe um tempo certo de fazê-lo. Esse tempo é quando se encontra numa situação que não se presta, de modo algum, à análise racional, por exemplo, escolher um número para comprar um bilhete ou jogar no bicho. 

O NONO GRANDE AXIOMA: do otimismo e do pessimismo – Otimismo significa esperar o melhor, mas confiança significa saber como se lidará com o pior. Jamais faça uma jogada por otimismo apenas.

Apesar do otimismo sempre teve críticas favoráveis, o autor alerta para o papel que o otimismo desempenha na vida financeira. Geralmente, se as probabilidades apontam para algo desvantajoso, realmente é.

Para exemplificar, o autor apresenta a história do jovem casal que achava que o otimismo era suficiente. 

Vamos chamá-los Sam e Judy, que não são os seus nomes verdadeiros. Sam e Judy eram representantes bastante típicos dessa fauna chamada yuppies (young urban professionais -‘jovens profissionais urbanos’). Sam trabalhava em propaganda, Judy era residente de pediatria num hospital. […]Sam queria ter a sua agência, um dia, e Judy queria uma clínica particular. […]A fim de apressar o processo, ainda no princípio do casamento haviam começado a expor suas economias a riscos. […] No início, considerando-se a inexperiência dos dois como especuladores, até que não foram mal.[…] Souberam de um imenso loteamento num estado do Sudoeste.[…] Animadíssimos, Sam e Judy estudaram a interessante situação. Com o dinheiro de que dispunham, dava para comprar um belo pedaço da área não urbanizada. Revendendo os lotes na hora certa, seriam capazes de duplicar, até de triplicar o investimento em pouco tempo. Bem, isto se as prometidas estradas viessem a ser abertas, e se a luz algum dia chegasse mesmo até lá. […]Sam e Judy, porém, cometeram um erro fundamental: não foram pessimistas o bastante; não pensaram em como se safariam caso as cartas se voltassem contra eles (GUNTHER, 2017, on-line).

O fim da história de Sam e Judy não é um final feliz. A companhia não conseguiu entregar o prometido. O terreno adquirido pelo casal não tem estrada, luz ou qualquer infraestrutura. Provavelmente, não conseguiram vender o terreno.

Por fim, o autor afirma que não podemos ser otimistas no mercado de ações. Não existe milagre, por isso aceite a realidade e lide com ela – evitá-la só o impedirá de chegar aos seus objetivos.

O DÉCIMO GRANDE AXIOMA: do consenso. Fuja da opinião da maioria. Provavelmente está errada.

Para explicar esse axioma, o autor traz os pensamentos do filósofo René Descartes, definido por Gunther como “campeão mundial da dúvida”. De acordo com o autor, Descartes começa a sua filosofia duvidando de tudo, recusando o que os outros queriam vender-lhe como verdade, buscando meios de descobrir a verdade através dos seus próprios sentidos e experiências. Duvidava das verdades afirmadas por autoproclamados especialistas, e recusava-se até a ouvir a opinião da maioria. Para Descartes, “Não existe praticamente nada que tenha sido afirmado por um sábio e não tenha sido contraditado por outro.’’ E também: “Contar votos não serve de nada. Em qualquer questão difícil, é mais provável que a verdade seja descoberta por uns poucos do que por muitos.’’ 

No mundo da democracia, segundo o autor, tende-se a aceitar sem críticas a opinião da maioria, as pessoas são ensinadas desde o primário que a maioria está sempre certa. Como afirma o autor, essa humilde aceitação da opinião da maioria passa para a vida financeira. Não apenas são ouvidos economistas, banqueiros, corretores, assessores e outros especialistas, mas também as maiorias. E isto pode custar dinheiro, pois, como dizia Descartes, é mais provável que a verdade tenha sido encontrada por uns poucos do que por muitos.

Por isso, Gunther alerta para o hábito de achar que todas as afirmativas muito repetidas são a verdade. Esclarece que ao estudar os outros Axiomas, observa-se que muitas coisas são afirmadas por maiorias, como: mantenha uma carteira diversificada, arrisque somente apenas o que pode se permitir perder etc. A maioria das pessoas acredita que os antigos clichês são verdades indiscutíveis. Isto posto, vale a pena observar que a maioria das pessoas não é rica.

14º Axioma Menor – Jamais embarque nas especulações da moda. Com freqüência, a melhor hora de se comprar alguma coisa é quando ninguém a quer.

Gunther inicia a explicação desse axioma menor, afirmando que as pressões da opinião majoritária são perturbadoras, principalmente quando se aplicam às questões de em que e quando investir. Para exemplificar, o autor apresenta o caso da Bolsa de Valores, normalmente as. Qual é a melhor hora para se comprar uma ação? Quando o preço está baixo, é lógico. E a melhor hora de vender? Ora, quando está alto, claro.

Conforme explica Gunther, a regra geral, o preço de uma ação cai quando um número significativo de pessoas passa a crer que não vale a pena comprá-la. Na hora de vender, a verdade é o contrário. O preço de um objeto de especulação sobe quando um grande número de compradores briga para adquiri-lo. Para exemplificar, o autor apresenta a situação ocorrida com a indústria automobilística, que no começo da década 1980 sofreu com graves problemas. O cenário dessa indústria era desanimador, que a maioria das opiniões era de que a indústria estava mesmo num buraco, e que não sairia dele por muito, muito tempo.

No fim, os problemas da indústria foram mais passageiros do que a maioria achava possível. Ganharam dinheiro os especuladores que não seguiram o que dizia a maioria. Para fundamentar seu argumento, Gunther apresenta o estudo realizado pelo departamento de psicologia da Universidade de Princeton. A experiência se dava da seguinte forma:

Oito ou dez pessoas sentavam-se à volta de uma mesa. Ao centro, meia dúzia de lápis de cores variadas. Todos do mesmo comprimento, exceto um – o vermelho, digamos -, que era obviamente mais curto que os demais. À volta da mesa, pedia-se que as pessoas opinassem sobre o comprimento do lápis. A maioria – todo mundo menos uma pessoa espantadíssima – expressava opiniões claramente erradas, que iam contra o que os olhos viam. Diziam que os lápis eram todos do mesmo tamanho. A maioria havia sido ensaiada, e sabia o que estava acontecendo. Todas as pessoas ali estavam por dentro, menos uma. A idéia era ver como essa pessoa reagiria. Em cerca de um terço dos casos, a vítima entrava em colapso moral e acompanhava a maioria. Apesar da evidência diante dos seus olhos, a pessoa relutava, chiava, suspirava, se contorcia e acabava concordando, é, está legal, acho que têm razão, os lápis são todos do mesmo tamanho (GUNTHER, 2017, on-line).

Em resumo, ir contra a maioria é das coisas mais difíceis do mundo, segundo o autor. Para ele, fica muito mais complicado quando se trata de questões de opinião, que não podem ser imediatamente verificadas. Por isso, afirmar que a melhor defesa contra a pressão da maioria, provavelmente é saber que existe e conhecer o seu poder coercitivo. 

Porém, Gunther alerta que não é fazer, automaticamente, o contrário da maioria. Mas, apenas resistir, teimosamente, às pressões da maioria, em vez de apenas ir na onda. Nesse sentido, é provável que você conclua que a maioria está errada, o que nem sempre é o caso. Se concluir que todos estão certos, por favor, entre na dança. Gunther explica que o problema do contrarismo é que ele começa como uma boa idéia, se cristaliza, e acaba como mais uma grandiosa ilusão de ordem. Comprar automática e impensadamente, algo que ninguém mais quer, parece bobagem tão grande quanto correr, irracionalmente, os riscos do rebanho. O rebanho não está sempre errado. De forma a demonstrar seu argumento, o autor apresenta o caso das ações da Chrysler. No começo da década de 1980, quase todo mundo dava as coisas às ações da Chrysler. Àquela altura, se era arriscado pôr o seu dinheiro em GM ou Ford, que andavam por baixo, comprar Chrysler era a maior loucura. Hoje, é claro, com a visão perfeita de quem examina os fatos depois de ocorridos, percebemos que a opinião pública foi pessimista demais. Contra todas as probabilidades, contra todos os prognósticos, a Chrysler juntou e recuperou a saúde. No final de 1983, a ação andava acima dos 35 dólares. Se tivesse comprado um ano e meio antes, teria multiplicado o seu dinheiro por dez.

O DÉCIMO PRIMEIRO GRANDE AXIOMA: Se não deu certo da primeira vez, esqueça.

Este axioma segue a linha de pensamento do Nono Grande Axioma, para o autor, a perseverança é como o otimismo: sempre teve críticas favoráveis. Há inúmeras áreas da vida em que a perseverança pode nos ser muito útil. Em especulações, porém, embora haja momentos em que é de utilidade, há outros em que pode levar-nos ao desastre.

Para exemplificar, Gunther apresenta a história de um corretor da Merrill Lynch:

[…] ele teve uma cliente obcecada com Sears, Roebuck. Tinha porque tinha que ganhar algum dinheiro com esse papel. […] Para começar, a mulher comprou um punhado de ações da Sears. Infelizmente, […] nos 12 meses seguintes a clientela resolveu ficar longe das lojas Sears e dos seus famosos catálogos. E não só da Sears, mas dos magazines em geral.[…]Bem aconselhada […] ela liquidou a posição, absorvendo uma perda de 15% a 20%. […]A ação ficou quase um ano na bobeira, nem pra cá, nem pra lá. De repente, para surpresa geral, deu um salto. […] Boquiaberta e irritadíssima, ela ficou só olhando. Mais o preço subia, mais zangada ela ficava. […] Na sua maneira de ver, a ação lhe devia algo. […] Começava a sofrer um ataque de perseverança. [….] Queria voltar à Sears, e fazer o papel pagar o que lhe devia. […] E assim foi, durante anos. A decisão de obter um ganho com aquele papel cegou-a para todas as outras oportunidades, outras boas jogadas em que poderia ter entrado (GUNTHER, 2017, on-line).

No caso exemplificado, a perseverança da cliente a fez perder oportunidades de investimentos que poderiam tê-la enriquecido, apesar de  a busca pelo papel a deixar um pouco melhor do que começou. Gunther afirma que o papel de investimento não lhe deve dinheiro, pessoas lhe devem dinheiro. Se perdeu dinheiro em alguma ação, talvez para recuperar o investimento é necessário se arriscar em outra. Pois, não importa de onde venha o ganho, o dinheiro é o mesmo.

15º Axioma Menor – Jamais tente salvar um mau investimento fazendo “preço médio’’.

Segundo o autor, a técnica conhecida como ‘’preço médio’’ é uma das mais tentadoras armadilhas do mundo dos investimentos. Tal sistema funciona da mesma forma que uma roleta: dá certo às vezes, se você tiver sorte. Gunther explica a atuação do sistema: 

[…] você compra 100 ações da U-Lá-Lá Eletrônica, a 100 dólares por ação. […] As coisas vão mal, e o preço cai para 50 dólares. […]  O que você tem que fazer, […] é comprar mais 100 ações dessa droga, agora pela pechincha de 50 dólares por ação. Aí fica com 200 ações. O seu investimento total é de 15.000 dólares. O seu preço médio por ação, então, cai para 75 dólares. […]. Fazendo assim a média, […] não terá de esperar tanto para sair empatado. Não precisa esperar até o preço do papel voltar a 100 dólares. Nas novas circunstâncias, só tem que esperar até 75. […] Quando você faz preço médio, tudo que está fazendo é se iludir. Por mais voltas e cambalhotas que dê, não há como fugir ao fato de que pagou, realmente, 100 dólares por ação nas 100 ações originais. Comprar mais 100 delas a 50 dólares não modifica este fato. Considerar o preço médio de 75 dólares pode fazê-lo sentir-se um pouco melhor durante algum tempo, mas não melhora em nada a sua situação financeira (GUNTHER, 2017, on-line).

Quando há uma diminuição no valor estimado da empresa é preciso entender as razões que levaram a isso, estudá-las. O autor destaca que “outro problema criado por essa dança de preços médios é que ela o leva a não prestar atenção no importante 3º Grande Axioma, DA ESPERANÇA. Quando o barco começa a afundar, não reze. Abandone-o”. A decisão de absorver pequenos prejuízos não é fácil, mas é necessária.

O DÉCIMO SEGUNDO GRANDE AXIOMA: Planejamentos a longo prazo geram a perigosa crença de que o futuro está sob controle. É importante jamais levar muito a sério os seus planos a longo prazo, nem os de quem quer que seja. 

Para explicar este Axioma, o autor relata a história de George e Martha. Se conheceram e casaram na década de 40, quando jovens por sugestão de um conselheiro de finanças montaram um Plano a Longo Prazo. Porém, hoje, George e Martha estão pelos sessenta e poucos anos, aposentados. E praticamente quebrados. Praticamente nenhum dos elementos do plano a longo prazo deles funcionou como deveria.

Gunther afirma que um planejamento é uma ilusão de ordem para toda a vida. Relata que os economistas, os assessores financeiros e o pessoal que vende planos de aposentadoria privada enxergam o mundo do dinheiro como um lugar de ordem. Vislumbram, no próximo século, um mundo financeiro exatamente igual ao atual. Erroneamente pensam que as tendências irão se perpetuar e poucas mudanças ocorrerão.

Para o autor, “o mundo no qual serão conduzidos os seus assuntos financeiros, daqui a vinte anos, está oculto por trás de uma cortina que não deixa passar nem uma réstia de luz. Não se pode saber nem se existirá um mundo do dinheiro, se existirá o dólar, ou o que comprar com um dólar”. Por isso, aconselha que não faça planos a longo prazo, em vez de tentar organizar a vida para acomodar coisas imprevisíveis, no futuro, reaja aos fatos à medida que forem surgindo, no presente.

16º Axioma Menor – Fuja de investimentos a longo prazo.

Para exemplificar este Axioma, o autor relata a história de uma investidora de longo prazo que foi arrasada pelo trator do destino. Tal história cruza com o evento mencionado anteriormente no 14° Axioma Menor, a crise na indústria automobilística, no começo da década de 80.  Em resumo, a investidora, que trabalhou em diferentes setores da Ford, foi acumulando algumas milhares de ações ordinárias. Ao receber um dinheiro da venda de imóveis, fez um acordo com a Ford para antecipar sua aposentadoria, e colocou todo o seu dinheiro em ações dessa empresa e passou a viver de dividendos. 

A história relatada pelo autor, se passava no final dos anos 70. A investidora tinha 20.000 ações, que rendiam, então, cerca de 52.000 dólares por ano. Porém, como citado anteriormente no início da década de 80, ocorreram problemas na indústria automobilística, no caso da Ford, ocorreu a redução de seu dividendo de 2,60 dólares por ação/ano para 1,73, em 1980. Em 1981 reduziu para depois 80 centavos de dólar. Em 1982 não pagou dividendo. No ano seguinte pagou 50 centavos de dólar. Em 1984, aumentou para 1,20.

Antes dessa crise explodir, a corretora financeira a aconselhou a mudar os papéis, porém ela preferia continuar com Ford. Pois seu investimento era a longo prazo. Porém, a mulher precisava dos dividendos para compor sua renda, e durante os problemas enfrentados foi preciso vender 6000 ações.

Para o autor, “apostar no amanhã já é um risco. Apostar num dia daqui a vinte ou trinta anos é loucura total”. Para ele, o futuro, quando chegar, chegou. Deve-se preparar para reagir às oportunidades e aos acasos.

Resumo elaborado por Ingrid Schiessl, mestre em Ciência da Informação.

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